sábado, 17 de outubro de 2009

ternura

TERNURA


Vinicius de Morais

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma breve canção aos teus ouvidos.
Das horas que passei à sombra de teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar estático da aurora.


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"Coração mistura amores. Tudo cabe."