quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Dory




Meu lado crianca, sempre estimulado pela minha filha Mariana (uma moleca de 21),
apaixonou-se por essa personagem cativante, divertida, desmemoriada, leal e sábia.
Assista a esses dois pequenos vídeos, alegre seu dia e ...
continue a nadar...continue a nadar!!!

http://www.youtube.com/watch?v=U0-LLwpS67k

http://www.youtube.com/watch?v=JXfzM4Bd14k

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

saudade

Minha mãe e minhas filhas. Amores incondicionais, eternos.
Saudade. de ser filha, de ser assim protegida e mimada...
Saudade. de ser mãe de meninas pequeninas a quem proteger e mimar...
Amar. amar a saudade com seu imensurável significado...
Amar o infindável amor que desde sempre esteve presente
por voces, pra voces, com voces
porque afinal voces são
a razão do meu afeto

escutar


Parece tão óbvio o significado de Escutar e no entanto muito poucas pessoas e em poucos momentos são capazes de fato de exercer essa qualidade. Não escutamos o outro e não escutamos a nós mesmos.

O texto abaixo é parte do artigo da jornalista Eliane Brumm, como sempre muito lúcida e muito talentosa em expressar suas idéias.


"...As pessoas não escutam porque escutar é se arriscar. É se abrir para a possibilidade do espanto. Escancarar-se para o mundo do outro - e também para o outro de si mesmo.

Escutar é talvez a capacidade mais fascinante do humano, por que nos dá a possibilidade de conexão. Não há conhecimento nem aprendizado sem escuta real. Fechar-se à escuta é condenar-se à solidão, é bater a porta ao novo, ao inesperado.

Escutar é também um profundo ato de amor. Em todas as suas encarnações. Amor de amigos, de pais e de filhos, de amantes. Nesse mundo em que o sexo está tão banalizado, como me disse um amigo, escutar o homem ou mulher que se ama pode ser um ato muito erótico. Quem sabe a gente não experimenta?

Escutar de verdade implica despir-se de todos os seus preconceitos, de suas verdades de pedra, de suas tantas certezas, para se colocar no lugar do outro. Seja o filho, o pai, o amigo, o amante. E até o chefe ou o subordinado. O que ele realmente está me dizendo?

Observe algumas conversas entre casais, famílias. Cada um está paralisado em suas certezas, convicto de sua visão de mundo. Não entendo por que se espantam que ao final não exista encontro, só mais desencontro. Quem só tem certezas não dialoga. Não precisa. Conversas são para quem duvida de suas certezas, para quem realmente está aberto para ouvir – e não para fingir que ouve. Diálogos honestos têm mais pontos de interrogação que pontos finais. E “não sei” é sempre uma boa resposta.

Escutar de verdade é se entregar. É esvaziar-se para se deixar preencher pelo mundo do outro. E vice-versa. Nesta troca, aprendemos, nos transformamos, exercemos esse ato purificador da reinvenção constante. E, o melhor de tudo, alcançamos o outro. Acredite: não há nada mais extraordinário do que alcançar um outro ser humano. Se conseguirmos essa proeza em uma vida, já terá valido a pena.

Escutar é fazer a intersecção dos mundos. Conectar-se ao mundo do outro com toda a generosidade do mundo que é você. Algo que mesmo deficientes auditivos são capazes de fazer."

Leia o texto completo em

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI94063-15230,00-POR+QUE+AS+PESSOAS+FALAM+TANTO.html



domingo, 27 de setembro de 2009

delicadeza


especialmente pra voce !!

fogo precisa de ar



O tema surgiu a partir do post http://oque-eutambemnaoentendo.blogspot.com/.

O livro "A cama na varanda" de Regina Navarro Lins, lançado em 2000,
também aborda esse tema, tão bem exemplificado na frase "fogo precisa de ar"
Quantos enganos cometidos em nome da idéia do amor romantico.
Duas metades que se completam; se ele não for eu não vou;
se pintar desejo por outro é porque acabou o amor;
eu não vivo sem voce e por aí vai.
Vai pro espaço o ar e fica o sufoco, o controle,
o desejo reprimido pela culpa.
Vai embora o encanto, o mistério, o prazer.
E também muitas vezes fica o prazer e vai embora o amor,
a alegria de estar junto.
Não encontraremos a perfeição.
Sequer encontramos tudo o que queremos num só ser.
Enfim, não temos respostas prontas, nem modelos.

Sem script precisamos criar.
E a criação exige liberdade, espontaneidade, ousadia.
Auto-estima.
Ninguém pode ser pro outro a única fonte de interesse e prazer.
E pra saber o que me desperta o interesse e o prazer,
preciso olhar pra mim.
Tudo se inicia a partir de se saber inteira
mesmo que sempre haja um outro tanto a desvendar
porque também pra que nos mantenhamos apaixonadas por nós
precisamos do mistério, da dúvida, da eterna busca.
Lindo processo de ser cada vez mais o que somos
e sermos capazes de despertar no outro e em nós mesmos
a paixão de viver.

mulher-maçã


"Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar as boas, porque têm medo de cair e se aleijar. Preferem apanhar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, eles é que estão errados... Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar, aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore."

(Machado de Assis)

sábado, 26 de setembro de 2009

Doce encontro


Uma das coisas que mais ouço de amigos, conhecidos e pacientes
é sobre o medo, quase pavor de ficar sozinho (a).
E em nome desse medo permanecem presos a relações infelizes,
destrutivas, mutuamente empobrecedoras.
A idéia da solidão é propagada como um castigo amargo
e reforçada pela desesperança.
É como uma condenação à morte em plena vida.
Fui, durante muitos anos, refém desse medo
que me manteve paralisada,
e a tentar inutilmente ressucitar o que já havia morrido.
Incrédula, lutei pra não abrir mão do sonho adolescente do amor eterno.
Afinal, fora um amor tão intenso, tão profundo, como poderia acabar?
Diz Toquinho em uma música do quanto é triste
ver o amor morrendo dentro da gente, esvaindo-se entre os dedos,
por mais que tentemos agarrá-lo.
Uma das maiores dores que já senti, porque é lenta e silenciosa,
aperta de verdade o coração.
Quando finalmente nos defrontamos com a verdade do que sentimos,
nos deparamos com esse medo: a solidão.
Será que serei feliz sozinha? Isso, afinal, é possível?
A casa, sempre movimentada pela presença alegre das filhas,
marido, empregada, cachorra...de repente fica vazia.
E nesse vazio, acontece o encontro.
Inicialmente tímido, receoso, desconfiado.
Mas progressivamente enriquecedor, terno, amplo.
O encontro comigo mesma.
Sem papéis a serem preenchidos, sem cobranças.
Livre.
Descobri o quanto sou uma excelente companhia!
Nesse processo me apodero um pouco mais de mim mesma,
a cada instante; compreendo quem sou,
gosto desta parceria.
Ela é muito bem vinda após tantos desencontros.
Hoje escolho muito bem quem desejo que compartilhe
o meu universo, meu infinito particular.
Não aceito o menos, o insuficiente, o pobre de afeto, o sem alma.
Quero apenas o que sei que mereço...
quem deseje o mesmo que eu: uma vida plena.
Integralmente vivida e compartilhada.
Soma. Multiplicação.

Receita de mulher


As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança...
É preciso que tudo isso seja belo. É preciso que de súbito
Tenha-se a impressão de ver a garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que tudo seja belo e inesperado...
...
Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre pra lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

(Vinícius de Moraes)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

adeus ao menino

"Afinal, um adeus deve ser sempre só um adeus.


E assim voltamos a ser livres.

Pois só a verdade é capaz de nos libertar e de fazer nascer,

a despeito da dor, um grande sorriso pelas lembranças dos tempos idos.


É por isso que digo que é na capacidade que se tem para finalizar as coisas,

que diferencio os que querem ser homens, dos que já o são."

(Solange Maia)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

imersa



...e um azul profundo
de céu e mar
a me embalar

pensar é transgredir

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

(Lya Luft)


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

sonho impossível


Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

Esta música do Chico foi gravada por Bethania em 74, eu tinha apenas 12 anos.
Lembro o quanto ela me emocionava e eu a cantava como um hino, respeitosamente, calorosamente.
Naquela época os hinos tinham significado e até emoção, acreditem...

Jogo de cena


Este documentário assisti por indicação da minha filha. Marcou.
Algumas de suas personagens, mulheres reais, continuaram
evocando significados em mim.
Suas vidas, seus sentimentos, a incrível capacidade de superação.
E atrizes fantásticas em interpretação não dão conta de transmitir
a intensidade e força das mulheres reais.
O formato colabora pra ressaltar as vidas alí
apresentadas e representadas.
Num palco, sentada em uma cadeira,
frente à frente com o diretor Eduardo Coutinho,
(que não somente realiza uma entrevista,
como consegue conduzí-las à si mesmas,
algo semelhante ao processo psicoterápico)
estas mulheres revelam histórias de vida,
expressam emoções sinceras.
Convida a nos identificar...
nos projetamos como se fossemos nós as personagens.
Mostra o universo feminino através do nosso próprio olhar.
Mostra a força da vida através das nossas fraquezas humanas.
Revelador. Intenso. Lindo.

Documentário " Jogo de Cena" - diretor Eduardo Coutinho - 2007

"Atendendo a um anúncio de jornal, oitenta e três mulheres contaram suas histórias de vida num estúdio. Em junho de 2006, vinte e três delas foram selecionadas e filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em setembro do mesmo ano, atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas pelas personagens escolhidas."




terça-feira, 22 de setembro de 2009

quem sabe o que procura...


QUEM SABE O QUE PROCURA COMPREENDE O QUE ENCONTRA

O vento forte lá fora e meu homem dorme ao meu lado. Há nele um monte de certezas que se aninham enquanto ele ronca terno como quem respira com alarde. As certezas dele são as minhas, por isso ficam tão bem comigo. Não me estranham. E as dúvidas podem existir sem opressão até que se cumpram. Sabíamos, cada um na sua estrada, que o caminho era outro, diverso daquele que nos apontavam.
Fincamos na placa oposta o nosso certo, porque éramos, cada um no seu respectivo quintal, dois visionários olhando o mundo e buscando nele nossa semelhança.
Colombos a milhas do sonho, a milhas do certo destino, caímos em desatino pelo chão de terra que dava num asfalto e virava megalópole com luzes mercuriais ao fundo. Anúncios luminosos atravessaram o céu de nosso sonho e sei que desde pequeninos guardávamos cada um a nossa gorda esperança no corpo magro.
Meu homem dorme ao meu lado hoje como dormiu antes dentro da minha goiaba preferida, dentro da fruta da minha vida, ele hoje me namora como fazia dentro de minha amora. Sem demora, lateja firme ao me possuir e é outra vez o velho caroço do abacateiro, consistente eixo de sua polpa. Meu homem me inquieta formigueiro e me fascina tanajureiro me incitando eu formiga trabalhadeira a voar.
Meu homem já morava lá, escondido, liso dentro do cabelo da minha boneca chamada Bonita, e dentro do tronco das árvores que era a imagem na qual eu me lambuzava quando meu pai dizia a palavra caráter. Sempre associei essa nobre palavra a um tronco de árvore genipapal, abacateiral, goiabeiral.
Alguma coisa nova move o olhar dele e suas sombrancelhas. Alguma coisa que me faz reconhecê-lo no meu desejo desde antes da minha avó vir do Egito pra me incluir na história. Pra me fazer Brasil.
Alguma coisa move suas mãos, familiar e sutil no modo, de modo que eu me encaixo no meu homem miúda, a ponto de me esticar no mesmo manequim de menina e mulher sem alterar o centímetro deste sentimento.
Houve um Deus que acreditei, houve um Deus que me desiludiu, houve um Deus que neguei, houve um Deus que achei, houve ainda outro que criei, houve outros que por fim me encontraram. Em todas essas dinastias de Deuses, sempre houve esse homem que hoje dorme amado ao meu lado. Sei pouco das coisas. Há mais coisas que entendo do que coisas que sei; mas viver é só o doce trabalho de reconhece-las. Hoje, respaldada pela fartura de Deuses que não condenam minhas besteiras, posso ser em paz. Posso inclusive compreende-las.
Um caminhão de certezas ressona hoje ao meu lado. Vive comigo todos os bocados no infinito infinitivo de cada dia. Não adia, não escamoteia, não teme, não foge. Tem medos comigo e venho com ele construindo as coragens.
Meu homem não é o ponto final do destino. Meu homem é o amor à passagem, por isso a viagem.
Há muito tempo, cada um vindo de seu escalar, olhamos o mundo do mesmo lugar. Meu homem é de mim, sua mulher, e somos os dois de cada um. A soma dos dois dá mais. É o clamor, o ardor, o sabor, a aragem. Por isso esse gozo. Essa paisagem.

(Elisa Lucinda)

Perdão

O PERDÃO

Quando é que se reconhece a grandeza do ser humano? Não é quando ele dá esmola para o menino de rua, quando pára o carro em frente à faixa de pedestre ou quando oferece carona num dia de chuva. Essas atitudes reforçam para nós mesmos a idéia de que, sim, somos gente fina. Mas é fácil ser gente fina reproduzindo atitudes padrão. Difícil é ser grande diante do assombro, diante do inesperado, diante do desconhecido.

Acho que entre todos os grandes gestos, o perdão é o maior deles. Em primeiro lugar, o perdão é fruto do erro de alguém, e quanto maior este erro, maior a grandeza de quem, atingido, se dispõe a passar por cima da própria dor e levar a vida adiante. E o perdão torna-se ainda mais digno porque ninguém se prepara para perdoar. É mentira quando alguém diz: eu perdôo tudo. Este tudo não pode ser mensurado previamente. Não se sabe de antemão o tamanho do golpe. Não se pode prever nossa reação diante do difícil reconhecimento de que alguém falhou conosco.

É fácil desculpar um atraso, um esbarrão, um esquecimento, mas o tamanho do perdão é proporcional ao tamanho do erro: estes são exemplos de perdões fáceis, corriqueiros. Difícil é perdoar o trágico.

O Papa João Paulo II perdoou o turco que lhe deu um tiro anos atrás. O Papa é o representante maior de Deus na terra, não se espera dele outra atitude, ainda que tenha surpreendido muita gente. Mais surpresos ficamos com aqueles que não vestem nenhum tipo de batina e também perdoam os que tiraram a vida de seus irmãos, filhos, pais. Eles não aceitam, mas compreendem. Compreendem a miséria humana, compreendem as atitudes impensadas. São considerados perdedores por causa disso. E nós, ganhamos o quê não compreendendo?

O perdão é prova de entendimento absoluto, principalmente de si mesmo. Não perdoar é isolar o outro, perdoar é entrar no jogo com ele, participar do problema, e não julgá-lo como se estivéssemos imunes à mesma fraqueza. O perdão é o gesto mais elevado que há. Tão elevado que poucos chegam lá.

(Martha Medeiros)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Vida interrompida

É profundamente doloroso quando uma vida é interrompida
bruscamente, violentamente, fortuitamente.
Ainda mais quando se trata de um rapaz de 29 anos,
cheio de vida, de planos, um cara do bem...
Uma daquelas pessoas que estão sempre com um sorriso,
alto astral como dizem.
Talvez, quem sabe, ele visse a vida com mais alegria e paixão que a maioria de nós.
Não me lembro muito dele, apenas do quanto vi,
nas lágrimas de minhas filhas, o muito da sua juventude e da sua empatia.
Não posso imaginar a imensa dor de perder um filho,
com certeza o pior sofrimento que deve existir.
Dor que somente o tempo pode tentar amenizar.
E, se houver fé, a certeza de que ele está bem,
cercado de uma paz e um amor que desconhecemos por aqui.

Por ele e principalmente por seus pais, amores e amigos
faço minha prece.
Que Deus segure-os em seus braços e alivie a dor de seus corações.

domingo, 20 de setembro de 2009

Guerrilheiros no poder

Segue abaixo trechos de um artigo do jornalista e psicanalista Reinaldo Lobo
publicado no jornal O Estado de São Paulo em 7/8/2005.
Me faz pensar o quanto nos vemos cercados de "guerrilheiros" na nossa política,
e o quanto seus comportamentos ditatoriais , presunçosos e prepotentes,
disfarçados sob uma roupagem "romantica" de defensores do povo,
são capazes de destruir tantos trabalhos sérios e desmotivar profissionais comprometidos.
E nem preciso ir longe...



Os guerrilheiros no poder

Reinaldo Lobo
Psicanalista e ensaísta

Guerrilheiro não rouba. Expropria. Ele não mata, não seqüestra nem lincha. Promove justiçamentos democráticos. Parece um jogo de palavras, mas não é. O guerrilheiro acredita possuir uma "ética especial", típica das situações de exceção, de revolução e de guerra. Essa ética costuma ser a mesma com que se tenta justificar hoje o terrorismo: os defensores dos oprimidos têm direitos especiais de agir, em qualquer tempo, para mudar a sociedade e o mundo. Aplicada ao cotidiano da vida democrática, essa moral revolucionária resulta numa perversão da política. ...

... A guerrilha é o perigoso romantismo da aventura em política. Ele induz a soluções simplórias, às vezes ao suicídio. Essa moral de limites extremos não combina com a política comum de uma sociedade democrática. Fora do contexto revolucionário ou bélico, ela degenera em pura psicopatia, banditismo e violência. O pathós do guerrilheiro é o de um aventureiro, em geral com as melhores intenções. Ele sofre de impaciência política. Quer cortar caminhos e pegar atalhos para o poder. Nutre, muitas vezes, um certo desprezo pelo cotidiano cinzento da política e pelo povo, concebido como uma entidade abstrata e sem alma. Acredita no golpe de mão e na força da vontade acima de tudo. Sua aura romântica recobre umas áreas sinistras, cuja demarcação costuma ser indefinível. Quando essa imagem se define, às vezes no poder, o que era paixão juvenil se torna frieza jacobina e ação destinada a destruir os inimigos. Um guerrilheiro não tem adversários, só inimigos. Quanto aos aliados, são circunstanciais, instrumentos de uma guerra. Só os objetivos contam. O guerrilheiro convive apenas com o idêntico a si mesmo. O outro, o diferente, não interessa. ...


Pipocas da vida








Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.
Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa.
Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor.

Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho,
o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade,
depressão ou sofrimento cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo!
Sem fogo o sofrimento diminui.
Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela,
lá dentro cada vez mais quente,
pensa que sua hora chegou: vai morrer.


Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma,
ela não pode imaginar um destino diferente para si.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela.
A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo
a grande transformação acontece: BUM!
E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente,
algo que ela mesma nunca havia sonhado.


Bom, mas ainda temos o piruá,
que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que,
por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir coisa
mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura.
No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira.
Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva.
Não vão dar alegria para ninguém.

(Rubem Alves)

sábado, 19 de setembro de 2009

Cinema Paradiso










A quem nunca teve a oportunidade de assistir esse filme,
ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1989,
um apelo: assista, alugue em dvd.
Infelizmente não terá a magia e o encanto da telona do cinema,
mas valerá à pena mesmo assim.
Trata-se de uma ode à vida,
de uma pureza cativante,
personagens ricos de sentimentos,
ambientado numa pequena província da Itália
Uma estória comovente de amor, amizade e paixão.
A cena abaixo emociona, entre tantas coisas,
porque mostra que a vida pode ser reconstruída de muitos recortes,
muitos pedaços que se desprenderam frente às intempéries.
A expressão no rosto do personagem,
como disse a psicanalista Gley Marques da Silva,
traduz a emoção que nós, expectadores,
sentimos durante todo o filme:
uma mistura intensa e ao mesmo tempo tão delicada de
riso e lágrima, alegria e tristeza.
Assim como na vida.

"Cinema Paradiso" de Guiseppe Tornatore, música de Ennio Morricone



quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Liberdade


A liberdade é muito mais e muito além
de dizer o que se pensa,
fazer o que se quer, não ter que dar satisfações à ninguém,
não ter hora pra chegar, ser dona do seu nariz...

É abrir portas onde só havia paredes...sobretudo dentro da gente.
Porque somos nós que construímos muros,
que colocamos algemas nos nossos desejos,
amarramos sonhos em pedras enormes
que trancafiamos em caixas postas no fundo dos nossos armários.

E projetamos muitas vezes no outro
a responsabilidade por nos tirar a liberdade,
covardes em assumir o que nos cabe.
Porque ser livre requer bancar suas escolhas,
assumir os riscos, ganhar mas também perder,
e toda essa liberdade exige coragem.

Somos prisioneiros do nosso medo...

O grito de liberdade, o arrancar grilhões
só se torna possível a partir da aceitação desse poder
e da maturidade de exercê-lo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Viva!


Perdoei, abracei, tentei...

"Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei para proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” para ser insignificante."

(Charles Chaplin)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

cuide-se bem



Cuide-se bem!
Perigos há por toda a parte
E é bem delicado viver
De uma forma ou de outra
É uma arte, como tudo...

Cuide-se bem!
Tem mil surpresas
A espreita
Em cada esquina
Mal iluminada
Em cada rua estreita
Em cada rua estreita
Do mundo...

Prá nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...

Cuide-se bem!
Eu quero te ver com saúde
E sempre de bom humor
E de boa vontade
E de boa vontade
Com tudo...

Prá nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...

(Guilherme Arantes)

Só de sacanagem

Esse video da Ana Carolina apresenta um texto da Elisa Lucinda que assino embaixo.

domingo, 13 de setembro de 2009

que teu viver...


"Que teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que voce perceba a ternura invisível tocando o centro do teu ser eterno.
Que teus pesnsamentos, teus amores, teu viver, e tua passagem pela vida sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome.
Que esse amor seja teu rumo secreto, viajando eternamente dentro do teu ser.
Que esse amor transforme os teus dramas em luz, tua tristeza em celebração, e teus passos cansados em alegres passos de dança renovada.
Que teu viver seja pleno de paz e luz!"

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Rio
















"Rio voce foi feito pra mim..."

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Do príncipe ao sim


" O homem que eu amo
veio de tanto eu pedir
mas quando parei de esperá-lo
veio quando eu ao depená-lo
do meu sonho receio,
permiti que em vez de início ou fim
ele no meio de mim
fosse só o meio.
Não meio no sentido tático
de jeito ou de modo.
Meio no sentido de durante
de enquanto
de presente.
Quando abandonei o título futuro
definitivo da eternidade
o rótulo azarento de garantia
no departamento de intimidade,
quando abandonei o desejo
de ressarcir aqui
o que perdi na antiguidade,
meu homem chegou cheio de saudade
ocupando inteiro
seu lugar de meio
sua inteira metade."

Elisa Lucinda



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Borboletas


"O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você." Mário Quintana

Quero dizer da minha alegria e gratidão aos meus amigos e amores por cada palavra de carinho, cada telefonema, recadinhos do orkut, emails, torpedos, abracos, beijos, presentes, orquídeas, bombons, cartões, dancas, enfim inúmeras demonstracões de afeto que recebi pela celebracão do meu aniversário. Voces são a razão pela qual a minha vida tem tanto significado, tanta luz e cor.

AMO VOCES !!

Rosas vermelhas


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Viva a vida !


Amanhã, 09/09/09 (olha só que linda data!!!) é meu aniversário...
Já comecei a celebração desde hoje rs
Afinal tenho muito a agradecer....sempre recebi da vida muito mais do que sinto merecer.
Mas faço o melhor que consigo pra retribuir tantas dádivas...
E faço da melhor maneira que sei...amando!
Minha família, meus pais, minhas filhas,
namorado (qdo tenho é claro rsrs) ,meus amigos ,
meus pacientes, minha belinha (uma linda cocker loira mas mto inteligente!) ,
meu ofício e sobretudo... amando cada vez mais a mim mesma.
Aos 47 (com mto orgulho) já consegui aprender a ser cada vez mais o que sou, inteira.
Como disse lindamente Cecília Meireles: "Aprendi com a primavera a me deixar cortar. E a voltar sempre inteira."

"Coração mistura amores. Tudo cabe."