segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

a coragem de crescer

Tempo de refletir, de pensar sobre as coisas vividas neste ano...
Tempo de reavaliar a embarcação, corrigir a rota, planejar novos portos,
segurar firme leme e velas pra nos levar ao nosso destino
Muitas viagens novas realizadas e sonhos à muito acalentados tornaram-se reais.
Finalização de processos que pareciam intermináveis e abertura de novos, que apesar de inicialmente dolorosos, trouxeram a alegria de uma coragem até então desconhecida.
Aprendizado na conquista de uma paz bem no olho do furacão, na descoberta de que ela é feita das nossas certezas e convicções, valores tão profundos que guerra alguma poderá sobrepujar.
Encontros de infinita grandeza, capazes de transbordar afeto por todos os lados.
Crescer exige coragem e neste balanço de 2009 posso agradecer a mim mesma e à Vida,
por encontrá-la bem no meio do meu medo, enfrentado olho no olho, frente à frente,
sem subterfúgios ou prepotências.
Chego à nova década inteira, mais fortalecida, mais madura, mais serena...

domingo, 20 de dezembro de 2009

arejando desejos

Surpreender-se.
Essa capacidade de encontrar e se encantar com algo novo, desconhecido e fascinante.
Despertar aquela curiosidade ingenua que guardamos dentro da gente.
Uma confiança plena de que a vida vale a pena,
de que estamos amparados por uma rede invisível e protetora,
que nos abraça amorosamente e afasta qualquer perigo
ou sequer nos faz lembrar dele.
Olhar o mundo com olhos de descobrimento, a querer tocá-lo,
sentindo-o com todos os sentidos.
Enlaçar afetos com o sorriso.
Estender mão e colo generosamente.
Escutar com interesse e devoção.
Amar apaixonadamente o outro
e mansamente a si mesmo.
Viver com a sofreguidão dos sedentos,
sorvendo cada gota de existencia.
Sonhar o impossível, para surpreender-se com o real ainda melhor...

Pequenos desejos de uma noite de verão,
véspera de um amanhecer chamado 2010.


sábado, 19 de dezembro de 2009

tempo

Por Airton Luiz Mendonça
(Artigo do jornal O Estado de São Paulo)
O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.
Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília,
sem portas ou janelas, sem relógio.... você começará a perder a noção do tempo.
Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações
internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea.
Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos,como o nascer e o pôr do sol.
Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:
Nosso cérebro é extremamente otimizadoEle evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.
Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia.
Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade.
Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia e portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo.
É quando você se sente mais vivo.
Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e 'apagando' as experiências duplicadas.
Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente.
Quando começamos a dirigir automóveis, tudo parece muito complicado, nossa atenção parece ser requisitada ao máximo.
Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular ao mesmo tempo.Como acontece?
Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa , no lugar de repetir realmente a experiência).
Ou seja, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente.
Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa são apagados de sua noção de passagem do tempo.
Quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida.
Conforme envelhecemos as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas,pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações, -....enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo.
Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década.
Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...
ROTINA
A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.
Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque).
Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos.
Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.
Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).
Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.
Faça festas de noivado, casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formatura de sua turma, visite parentes distantes, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá
a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.
Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.
Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.
Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.
Seja diferente.
Se você tiver dinheiro, especialmente se já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos..... em outras palavras...... V-I-V-A. !!!
Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.
E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.
Cerque-se de amigos.
Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.
Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é?
Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

tim tim

Esta noite quero brindar:
a alegria e a tristeza
a amizade e a inimizade
a saúde e a falta dela
o trabalho e o ócio
os ganhos e as perdas
o caminho e as pedras
as lições aprendidas
e os murros em ponta de faca
a coragem e o medo
a verdade e o engano
os acertos e os erros
a ponte e o abismo
a plenitude e o vazio
a vida e a eternidade
o amor e o amor
sempre o amor...

Sem cada um deles
eu não estaria aqui,
desse jeito,
nesse momento,
único.
Feito de
PAZ.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Um Presente para o Futuro



Ela devia ter cerca de 8 ou 9 anos quando junto à um querido amigo criou a Turma da Pésada, um grupo bastante integrado que estava sempre inventando atividades, jogos, brincadeiras na escola. Daí surgiu um layout com o desenho de um pé e logo depois criou o Pésada News, jornalzinho com os informes de interesse da garotada.

Essa foi a sua primeira aventura criativa pelos caminhos da escrita.

Ontem minha filha Mariana deu à luz, após um trabalho de parto longo e exaustivo, ao seu Trabalho de Conclusão do Curso de Marketing da USP. A temática, como não poderia deixar de ser, envolve questões relacionadas ao esporte, sua grande paixão. Foram 4 anos de esforço, sobretudo para percorrer diariamente distâncias kilométricas somada ao trânsito enlouquecedor de São Paulo. Conciliar com o estágio, do outro lado da cidade, consumiram suas energias de atleta experiente. Superar diversas cirurgias e uma maratona de fisioterapia diária durante anos foi tarefa gigantesca.

Mas quando se trata de desafio e superação minha filha é doutora Phd. Não tem pra ninguém...

Filha, voce construiu um Presente para o seu Futuro. Merece todas as honras e todos os brindes e todos nós ,que te amamos ,sentimos um imenso orgulho da pessoa linda que voce é.

Parabéns!!!!!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

completude


Estamos acostumados com a idéia da falta, da perda e da quase impossibilidade de alcançar desejos e metas por deficiência de recursos, especialmente os internos. Como se o copo nunca ficasse cheio pela falta de líquido para completa-lo. Estar aquém nos inquieta e angustia e todos conhecemos bem esta sensação.
Mas também existe o oposto. Possuir muito mais recursos à oferecer do que a possibilidade de realizá-los ou de alguém disposto a receber. Ter mais líquido do que aquele copo comporta e esse transbordamento significar um triste desperdício. Pode-se pensar em encher outro copo ou guardar, conter para outra ocasião. Mas esse não era o desejo real, aquele manancial de recursos voce ansiava designar àquele fim e não à outro.
Tanto quanto a falta, o que inadequadamente chamemos de excesso, causa angústia, frustação, desamparo. Digo inadequado porque para quem é possuidor desse manancial, não o sente como excesso, apenas como seu repertório. Pode ser criatividade, inteligencia, amorosidade, generosidade entre outras. Ter de conter, reprimir torna-se tarefa muitas vezes insustentável, a causar sofrimento.
Como lidar com essa dor? Assim como a falta busca ser preenchida, esse manancial precisa de um espaço que lhe dê continência. Espaço suficientemente bom. Esperá-lo pacientemente, ao invés de desperdiçar. Ou quem sabe encontrar novas possibilidades de realização. Outros rios por onde possa fluir livremente sem represar tanta potencialidade. Adaptações necessárias, embora frustantes...

domingo, 13 de dezembro de 2009

ciclos


Domingo chuvoso...
convite ao recolhimento
ao nosso lar
à nossa morada
interior
aos pensamentos
vagando melancólicos
como o tempo lá fora

Dias tão necessários
como aqueles de sol
num céu profundo
a despertar alegria
e nos convidar
à espaços mais amplos
ao encontro do outro

Ciclos alternados
em busca do equilíbrio
da vivência madura
dos nossos opostos
dois lados da mesma moeda
valorosamente humana


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

paradoxo


"...Se prepare
não se assuste
não me apague
talvez voce se depare
com seu medo
bem no meio de sua coragem."

(Elisa Lucinda)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

morre lentamente...


"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade."
(Pablo Neruda)

Quero viver profundamente,
de modo apaixonado e sereno...
E definitivamente deixar morrer
aquilo que já não me serve mais,
que não me faz mais sentido,
que é vazio de significado,
que há muito deixou de existir dentro de mim...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

dignidade

Hoje encontrei uma paciente soropositiva que atendi a muitos anos atrás. Ela logo me reconheceu e abriu seu sorriso acolhedor. Para ajudar na sua sobrevivencia ela fez um curso de confecção de Pão de Mel e sempre vende no ambulatório. Uma amiga enfermeira, certo dia, foi de surpresa em sua casa para buscar uma encomenda. Encontrou-a toda paramentada, com touca, luva, avental e máscara, numa cozinha muito simples, mas impecavelmente limpa, fazendo seus pães. São de um capricho digno daquelas lojas de chocolate super chiques, de shopping sabe? E deliciosos.
Me contou que perdeu seu filho de 18 anos a pouco tempo, dizendo-se resignada pois "ele está ao lado de Deus". Estava acompanhada de sua filha, uma menina bonita de 9 anos aproximadamente, cega... Uma mulher de fibra, extremamente humilde mas de uma riqueza de espírito rara. Muito educada, gentil e simpática com todos.

Problemas? Tenho, claro, como todo mundo. Mas insignificantes como grãos de areia perto de tanta realidade árida como essa. E que a coragem e dignidade de pessoas como ela transformam em Vida.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

alegria


Momentos felizes são presentes pra alma.

Tão simples, não exigem nada, nem dinheiro, nem planejamento,

nem hora marcada; sem pretensão nenhuma nem elaboração complicada.

Surgem espontaneamente,

num encontro casual que enriquece o dia, a semana.

Alegria leve feita de afeto compartilhado,

da vontade de rir junto, de rir de si mesmo, de rir da vida...

domingo, 6 de dezembro de 2009

amor tornado visível


Então, um lavrador disse: "Fala-nos do Trabalho." E ele respondeu, dizendo:
"Vós trabalhais para vos manter no compasso da terra e da alma da terra. Pois ser indolente é intrometer-se nas estações, e afastar-se da procissão da vida, que segue majestosa e orgulhosamente submissa, rumo ao infinito.
Ao trabalhardes, sois uma flauta cujo coração o murmúrio das horas atravessa e transforma-se em música. Quem de vós permaneceria silente como o junco quando tudo ao redor canta em uníssono?
Sempre vos disseram que o trabalho é uma sina e a labuta um infortúnio.
Mas eu vos digo que, ao trabalhardes, estais realizando o sonho mais longínquo da terra, a vós designado quando nasceu,
E, apegando-se à labuta, estareis amando verdadeiramente a vida,
E quem ama a vida através do trabalho compartilha do seu segredo mais íntimo.
Mas se em vossas dores dizeis que o nascimento é uma aflição, e as necessidades da carne uma sina, inscrita em vossa fronte, então respondo que nada, além do vosso suor, lavará esse estigma.
Disseram-vos também que a vida são trevas; e em vossa fadiga repetis o que disseram os fatigados.

E eu vos digo: a vida são mesmo trevas, salvo quando há ímpeto,
E todo ímpeto é cego, salvo quando há conhecimento,
E todo conhecimento é vão, salvo quando há trabalho,
E todo trabalho é vazio, salvo quando há amor;
E quando trabalhais com amor, estais unindo-vos a vós próprios, e uns aos outros, e a Deus.

E o que é trabalhar com amor?
É tecer o pano com o fio de vosso coração, como se vosso bem-amado fosse mesmo trajá-lo.
É construir uma casa com afeto, como se vosso bem-amado fosse mesmo habitá-la.
É plantar as sementes com ternura e fazer a colheita com alegria, como se vosso bem-amado fosse mesmo comer as frutas.
É impregnar tudo que fazeis com o sopro de vossa própria alma,
E saber que todos os mortos abençoados estão vos observando de perto.
Muitas vezes ouvi-os dizer, como se falásseis em vosso sono: 'Aquele que trabalha com o mármore, e encontra na pedra a forma de sua própria alma, é mais nobre do que aquele que ara o solo. E aquele que toma o arco-íris para estendê-lo sobre a tela à semelhança do homem é mais do que aquele que faz sandálias para calçar nossos pés.'
Porém eu vos digo, não em sono, mas em plena vigília do meio dia, que o vento não fala com mais doçura ao carvalho gigante do que à menor das hastes da relva; E só é grandioso aquele que transforma, com seu próprio amor, o murmúrio do vento em música ainda mais serena.

O trabalho é amor tornado visível.
E se não podeis trabalhar com amor, mas somente com dissabor, é melhor abandonar vosso trabalho e ir sentar-vos à porta do templo à espera de esmolas daqueles que trabalham com alegria. Pois se fazeis o pão com indiferença, vós os fazeis amargo, incapaz de saciar a fome do homem. E se tendes rancor ao amassar a uva, vosso ressentimento destila veneno no vinho. E ainda que cantais como anjos, mas não amais vosso canto, impedis que o homem ouça as vozes do dia e da noite."

(O Profeta - Kahlil Gibran)

Esta é pra mim uma das descrições mais belas e significativas sobre o trabalho. Neste domingo à noite, prestes a começar mais uma semana de trabalho, me pergunto: será que tenho colocado amor no meu trabalho diário? Será que permito que os dissabores tornem amargo aquilo que faço ou consigo adoçar com alegria e ternura a mais singela tarefa?
Formular as perguntas certas é um constante aprendizado. Ainda maior do que encontrar as respostas...

sábado, 5 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

carta de luz

"Para Carla: Amada irmãzinha em Cristo, a vida nem sempre cumpre os parâmetros que estabelecemos. Muitas vezes ela nos surpreende com obstáculos que supúnhamos não existir, mas em nenhum momento isso acontece para nos tornar fracos. Por tantas vezes não conseguimos despertar para caminhos outros senão aqueles aos quais nos acostumamos e os problemas vêm nos impor novos caminhos. Querida companheira em Cristo, nada vale o desânimo. O pior mal aos nossos olhos, torna-se benefício pelas mãos de Deus. Onde enxergamos ruínas Deus levanta novas construções. Onde não encontramos caminhos Deus abre estradas. Cumpra o sagrado mandato de viver amando e servindo sempre, sem esquecer que não basta darmos. Se faz imperioso que o próximo queira receber o que ofertamos. A caminhada de cada um é campo restrito de autonomia de cada alma. Confie e siga. Jesus proverá. Fique em paz." Martins Fontes (carta psicografada por Eulália Bueno)

sou mistério

Convite

Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.
(Lya Luft)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

casamentos


Somos polígamos por natureza.
Não me refiro às questões de fidelidade, um capítulo à parte, muito extenso, polêmico e consequentemente delicado.
Mas vivemos inúmeros casamentos durante a vida, além daquele convencionalmente conhecido. Construímos diversas parcerias a começar do nosso primeiro e mais significativo amor, nossa mãe. Nas amizades, nos trabalhos escolares, nas sociedades de empresas, na equipe profissional, com filhos, na análise, no médico, com a secretária, com a empregada, enfim nas relações estáveis (entenda-se na duração de um tempo suficientemente necessário ao estabelecimento de uma relação significativa).
O maior deles, único a sabermos que realmente vai durar pra toda vida, é o casamento consigo mesmo.
E assim como naqueles outros, há de existir parceria, investimento, cumplicidade e lealdade.
E o enfrentamento do inimigo oculto a sutilmente sabotar o parceiro (tão comuns no casamento formal).
Se neste encarar de frente houver entendimento e firmeza este casamento estará fadado ao sucesso, num processo contínuo de evolução.
Se houver fraqueza e submissão, permitindo a tirania desse inimigo interno, esse poder destrutivo acabará por causar uma cisão onde a própria existencia enquanto indivíduo, poderá fracassar.

Desejo à voce um casamento intimamente próspero, a enriquecer a sua existência com toda a beleza e plenitude do seu SER.


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

leveza


"O que me admira, eu que estou no outono da minha vida:

a gente esquece tanta noite de tristeza

mas jamais uma manhã de ternura."


domingo, 29 de novembro de 2009

quando somos pais dos pais


Envelhecer.
O corpo e a mente lentamente evoluem num processo decrescente, e por mais que o espírito mantenha-se ativo e jovem, sente-se o peso das coisas em que o corpo já não responde mais como antes.
Os cabelos ficam brancos, a pele perde o viço , os músculos perdem força e rigidez.
Perdas. Naturais mas dolorosas.
Existe grande diferença entre dor e sofrimento.
Não podemos fugir da dor mas o sofrer depende da nossa escolha.
Há ganhos. Experiência, sabedoria, tolerância, acompanhar a história de filhos e netos, vibrar com suas conquistas e ofertar colo e orientação nas horas difíceis.
Agora invertem-se os papéis.
É chegada a hora em que os filhos tornam-se pais dos pais.
E será preciso muito afeto, compreensão e paciência
para lidar o melhor possível com essa nova fase.
Aos filhos, a dedicação e tolerância para com as dificuldades da idade, a lentidão, as idas frequentes aos médicos, o entendimento de que será necessário retribuir amorosamente tudo aquilo que receberam quando bebês e crianças, em termos de tempo, esforço e paciencia.
Aos pais a compreensão de que os filhos lutam as lutas diárias, de trabalho e sobrevivencia, de cuidados e preocupações com seus filhos.
E, ao casal que teve seu casamento salvo dos desgastes de décadas, a força e o amor que possibilitem compartilhar das dores, dos medos, das perdas.
A mansidão de alma a tornar a vida mais leve.

Inevitavelmente a vida trará momentos de extrema dor, que vai demandar uma capacidade maior de enfrentamento e superação.
Enquanto esse momento não chega, a gente precisa aprender a viver com alegria, com prazer, privilegiando os espaços em que os afetos possam ser vivenciados, o trabalho possa trazer a gratificação de se saber útil e as oportunidades de realizar sonhos possam ser agarradas com fé.

...

Conheci uma grande mulher de nome Branca, que adotei como vó durante muitos anos. Durante 15 anos ela cuidou de seu marido, um homem do bem, médico querido e respeitado, que sofreu um AVC, aprisionando-o à cama, dependente de todos os cuidados. Nunca a vi queixar-se, pelo contrário era de uma alegria contagiante e uma disposição para a vida que muitos jovens nunca possuíram. Ela foi um grande exemplo pra mim e sei que deve estar divertindo-se muito lá no céu. Pra sorte dos anjos...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

um teto feito de amor


Despojar-se do conforto de uma cama macia, de um banho básico , de ter a segurança de um chão, quatro paredes e um teto para o abrigo noturno. Mais que isso, despir-se da sua pele para expor-se inteiramente à vivência de outra realidade, aquela sempre vista de longe, colocada sempre distante dos olhos e do coração. Essa foi a corajosa experiência pela qual minha filha, jornalista, teve marcada na alma, dessas que nos deixam cicatrizes. Ela poderia apenas ir até aquela comunidade e entrevistar as pessoas. E tenho certeza que faria uma rica matéria, como é de sua natureza. Mas era pouco. Ela queria aprofundar o olhar, queria sentir na pele como vivem essas pessoas em condições tão miseráveis, tão desumanas. Um barraco, construído sobre um córrego, feito de pedaços de papelão e madeirite, sem esgoto, sem água, sem banheiro, apenas um minúsculo sofá, e uma cama dividida entre 4 ou 5 pessoas. Pediu para dormir ali, e sob o olhar incrédulo da dona, prometeu que não roncava. Sensível e delicada com os sentimentos do outro, essa é minha filha. Passou lá 3 dias, a primeira noite no barraco, ajudou na derrubada e construção de uma nova casa, agora de madeira, com piso e telhas, infelizmente sem saneamento, que depende do poder público. Esse é o trabalho da Ong Um Teto para o Meu País ,onde participam jovens universitários que arregaçam as mangas para ajudar a construir um teto para quem vive sem condições minimamente humanas de moradia. De toda essa enriquecedora experiência ela vai escrever uma matéria, cujo olhar será capaz de emocionar e sensibilizar até os mais frios e indiferentes.
Esse é o seu talento.
Esse é meu orgulho. Entre tantos...

Para conhecer o trabalho da Ong :http://www.youtube.com/canalTeto

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

na dúvida, faça



Na dúvida, faça.
O risco faz parte.
A graça está
em tentar,
em vez de sentar e assistir;
o mundo está
em esticar-se todo para atingir;
o mundo está
no desafio da interrogação.
E porque não?
Entre na festa,
arranque a capa,
morda a maçã.
Desate o cinto
para voar livre pelo amanhã,
ainda que ele seja um labirinto.
deixe o ID rolar
Nesta arte viva de arriscar,
cônscio e devoto.
Pois que viver
não é entrar no mar onde dá pé,
mas mergulhar com fé no maremoto.

(Flora Figueiredo)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

como saber?


Ternura.
Sintoma de um coração saudável, pulsante,
vibrando afeto, bombeando amor pelas veias da minha alma.
Esse sempre foi uma espécie de termômetro
a me fazer diagnosticar sentimentos
que talvez o tempo ou a mágoa houvesse congelado.
Quando subitamente,
ao olhar a pessoa amada ou lembrar de uma cena vivida,
sentisse um aquecer no meu peito,
como se meu coração fosse abraçado por mãos amorosas,
sabia que o amor ainda estava ali,
apesar de tudo.
A isso chamo ternura,
palavra que mais se apropria desse sentir.

domingo, 22 de novembro de 2009

saudades de sua voz

Odele e Flávia em foto de Marcelo Ming e reportagem de Eliane Brum - revista Época

Já disse aqui uma vez que o que me encanta nessa vida é a pessoa humana. E eis aqui mais um exemplo, mais uma razão pra me apaixonar pela imensurável capacidade de amor e superação de que algumas corajosas pessoas são dignas.
Odele é mãe de Flávia, em coma à 12 anos, após ter seu cabelo sugado pelo ralo de uma piscina. Eliane Brum é a sensível jornalista que nos revela, com a humana delicadeza de sua escrita, essa história de uma dor sem fim, unicamente sustentada pelo fio do amor. Tecido pacientemente por Odele, a formar a rede que sustenta e embala a vida de Flávia. E talvez, quem sabe, alguns muitos de nós, possamos tecer a rede de afeto capaz de abraçar essa mãe e acolher amorosamente um tiquinho da sua dor.
Odele tem um blog: "flaviavivendoemcoma.blogspot.com". Segundo suas palavras: "O que eu faço com essa dor? " "O blog é como uma janela que se abriu. E me arrancou da solidão. Escrever é uma forma de falar de amor e exorcizar a dor. A palavra tem esse poder. "
Talvez voce pense que não tem o que dizer, ou que nada adiantará dizer ao menos: "estou aqui, enxergo voce, escuto a sua dor e mais que isso escuto a voz do seu amor."
Talvez voce não saiba mas eu sei. E farei sempre, qualquer pequenina coisa, gesto, palavra que expresse amor, que signifique Eu me importo.



sábado, 21 de novembro de 2009

amor desejado

Um amor pra amar, pra sonhar, pra suspirar... um amor pra fazer os olhos brilharem e a pele mais viçosa, pra provocar taquicardia e tirar a fome, pra descobrir uma nova paz. Não pra sempre, mas real, a despertar a intensa mulher adormecida. Que faça cócegas na alma e toque fogo no corpo, incendiando a existência no mais doce prazer. Falar bobagens no meio da noite, onde no abraço as risadas brotam mais espontâneas. Acariciar com ternura a face, os olhos, lábios e coração. Fascinante encontro. Sede de bem querer, das águas cristalinas do desejo. Transbordamento de carícias.

Amor.Meu e seu. Nosso.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

querido divã

Estamos juntas a 7 anos. Uma parceria enriquecedora, dessas que não tem preço.

Minha analista e eu. Deitada naquele divã reconstruí meu mundo interno, coloquei ordem no caos dos meus quadros mentais.

Cheguei até ela despedaçada, repartida em tantos cacos que não fazia a menor idéia de como poderia ser novamente, se é que algum dia fui, inteira.

Fragilidade, medo e insegurança eram naquele instante donos de mim.

E no decorrer destes anos, entre idas e vindas, entre subir 3 degraus e descer 2, fomos tecendo juntas uma colcha de retalhos que surpreendentemente, pra mim, tornou-se muito mais bonita do que era antes.

Neste alinhavar, além da delicada competência da costureira, seus dedos teciam com amor. Esse amor, que senti sempre de forma tão palpável, tão real , me segurou e sustentou quando tudo o mais era abismo e solidão.

Pacientemente. Docemente. Firmemente.

Com ela aprendi a pensar por mim, a acreditar nas minhas percepções, a confiar no meu potencial, a investir no meu ofício, a me espelhar no seu modelo de analista sensível e amorosa. Aprendi a crescer. A existir.

Há muito ainda por fazer, porque nesse processo me apaixono pelo exercício da análise e do quanto ganhamos de vida. Porque a vida vivida assim na intensidade do pensar e do sentir é encantadoramente melhor.

À você minha analista, minha admiração, minha gratidão ... e o meu doce amor.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

a voce minha amiga


Amizade. Preciosidade a enriquecer minha vida.

Tenho a sorte de ter algumas "melhores amigas",

aquelas que aconteça o que acontecer, estarão sempre ali,

de braços abertos para o colo necessário nos momentos de dor

e para o aplauso entusiasmado pelas minhas conquistas.

Amigas tão amorosas e leais,

capazes de compreender meus momentos de isolamento e solidão,

como espaço igualmente necessário do meu viver.

Amigas generosas, desmedidamente disponíveis para meus gritos de socorro.

Ouvido atento a minha fala desabalada pela dor ou pela euforia.

Palavras sábias a despertar minha lucidez.

Memória fiel da minha história a lembrar das lições arduamente aprendidas.

Incentivo a instigar coragem no furacão da fragilidade.

Olhar perspicaz a enxergar o melhor de que sou capaz.

E a mostrar-me isso do modo mais gentilmente firme.

Nada do que eu possa dizer ou fazer no decorrer da minha vida

será o bastante para agradecer por tanto...

Resta apenas que saibam do meu imensurável amor.

leve

Hoje sinto-me leve e feliz. Desses momentos serenos em que as coisas mais simples e cotidianas ganham um colorido que as torna especial. Amanheci assim, alegre pelo dia de sol, pelo carinho das filhinhas da minha mãe (duas shinauzers carentes pela ausencia da máe, hóspedes temporárias em minha casa) , pelo trabalho que me proporciona tantas coisas, pelo amor das minhas filhas, na expectativa de reve-las e matar a saudade, pela euforia apaixonada da minha belinha (minha cocker loira) hóspede temporária das minhas filhas rs, pelo passeio de fim de tarde em que a bel desfila a provocar todos os cachorros do parque rs. Coisas assim são capazes de me fazer grata pelo dom de estar viva, de estar cercada de todo amor que desejo... A isso chamo plenitude, viver inteiramente o momento presente.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

academia para a alma

Sou dessas pessoas que segue a vida acreditando, até mesmo nos momentos de escuridão. Uma fé que nem sei de onde vem, mas que me sustenta sempre que perco o chão. E não foram poucas as vezes em que estive perdida de mim mesma, naquele labirinto insano em que a vida sabiamente nos coloca. De que outro modo poderia sair da mesmice, do conforto das coisas vividas ? Como iria em busca de outros caminhos se não mudasse o olhar, se não o deslocasse para o alto e para além da estrada percorrida? É dessa amplidão que descubro o aprendizado possível através de cada dor, de cada desencontro, cada lágrima e até de toda decepção que parecia dilacerar minha alma. Ao contrário, tudo isso fortaleceu o que em mim era mais frágil, mais carente de exercício, músculo flácido e inerte. Academia para a alma...exercitar viver.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

tempo amigo

Todas as coisas tem seu tempo, e quase sempre não conseguimos entender isso. Queremos que o tempo seja o nosso, enquadrando-o no espaço das nossas aflições e ansiedades. Atropelando tempo atropelamos vida. Violentamos sonhos que poderiam ter sido reais, não fosse a nossa destemperança.
Tempo é aliado não inimigo. É ele que permite a maturação, o desabrochar da verdade.
Porque ao tempo a verdade se rende, se revela, seja qual for a sua cor ou suas vestes. À ele a verdade se desnuda, se entrega irremediavelmente...
As mentiras contadas ao outro e à nossa consciencia não vencem à prova do tempo. Os enganos com os quais nos deixamos iludir são frágeis cristais que os bons ventos temporais fazem derrubar.
Subverter as demandas do tempo é torná-lo sagaz inimigo a devorar vida, sonhos e esperanças.
Este talvez não seja o momento de provar os melhores vinhos, mas de saber como se prepara o solo para colher as melhores e mais saborosas uvas.

"Coração mistura amores. Tudo cabe."