segunda-feira, 30 de novembro de 2009
leveza
domingo, 29 de novembro de 2009
quando somos pais dos pais

quinta-feira, 26 de novembro de 2009
um teto feito de amor

quarta-feira, 25 de novembro de 2009
na dúvida, faça

terça-feira, 24 de novembro de 2009
como saber?

Ternura.
domingo, 22 de novembro de 2009
saudades de sua voz

sábado, 21 de novembro de 2009
amor desejado

Um amor pra amar, pra sonhar, pra suspirar... um amor pra fazer os olhos brilharem e a pele mais viçosa, pra provocar taquicardia e tirar a fome, pra descobrir uma nova paz. Não pra sempre, mas real, a despertar a intensa mulher adormecida. Que faça cócegas na alma e toque fogo no corpo, incendiando a existência no mais doce prazer. Falar bobagens no meio da noite, onde no abraço as risadas brotam mais espontâneas. Acariciar com ternura a face, os olhos, lábios e coração. Fascinante encontro. Sede de bem querer, das águas cristalinas do desejo. Transbordamento de carícias.
Amor.Meu e seu. Nosso.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
querido divã

Minha analista e eu. Deitada naquele divã reconstruí meu mundo interno, coloquei ordem no caos dos meus quadros mentais.
Cheguei até ela despedaçada, repartida em tantos cacos que não fazia a menor idéia de como poderia ser novamente, se é que algum dia fui, inteira.
Fragilidade, medo e insegurança eram naquele instante donos de mim.
E no decorrer destes anos, entre idas e vindas, entre subir 3 degraus e descer 2, fomos tecendo juntas uma colcha de retalhos que surpreendentemente, pra mim, tornou-se muito mais bonita do que era antes.
Neste alinhavar, além da delicada competência da costureira, seus dedos teciam com amor. Esse amor, que senti sempre de forma tão palpável, tão real , me segurou e sustentou quando tudo o mais era abismo e solidão.
Pacientemente. Docemente. Firmemente.
Com ela aprendi a pensar por mim, a acreditar nas minhas percepções, a confiar no meu potencial, a investir no meu ofício, a me espelhar no seu modelo de analista sensível e amorosa. Aprendi a crescer. A existir.
Há muito ainda por fazer, porque nesse processo me apaixono pelo exercício da análise e do quanto ganhamos de vida. Porque a vida vivida assim na intensidade do pensar e do sentir é encantadoramente melhor.
À você minha analista, minha admiração, minha gratidão ... e o meu doce amor.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
a voce minha amiga

leve

terça-feira, 17 de novembro de 2009
academia para a alma

Sou dessas pessoas que segue a vida acreditando, até mesmo nos momentos de escuridão. Uma fé que nem sei de onde vem, mas que me sustenta sempre que perco o chão. E não foram poucas as vezes em que estive perdida de mim mesma, naquele labirinto insano em que a vida sabiamente nos coloca. De que outro modo poderia sair da mesmice, do conforto das coisas vividas ? Como iria em busca de outros caminhos se não mudasse o olhar, se não o deslocasse para o alto e para além da estrada percorrida? É dessa amplidão que descubro o aprendizado possível através de cada dor, de cada desencontro, cada lágrima e até de toda decepção que parecia dilacerar minha alma. Ao contrário, tudo isso fortaleceu o que em mim era mais frágil, mais carente de exercício, músculo flácido e inerte. Academia para a alma...exercitar viver.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
tempo amigo

sábado, 14 de novembro de 2009
simplesmente amar
porque vida sem amor não é vida
e quanto mais amor colocamos
nos nossos gestos, nas palavras
na atitude, no sorriso, no olhar
mais a vida se reveste de significado
no encanto que somente quem ama
sabe a plenitude...
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
marina morena

doce, meiga, linda, inteligente, elegante, delicada, amorosa
tantas qualidades a nos encantar
te vi bebê, te vi menina
agora 15 anos
no desabrochar como mulher
cheia de dengo e personalidade
quero te dizer do meu afeto
e da minha certeza
de que voce terá uma vida
plena de alegrias
comemore muito
esse momento inesquecível
estar ao seu lado é tudo que eu poderia desejar
e que os anjos tão amorosamente
me concederam...
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
doce abraço

domingo, 8 de novembro de 2009
cesura

Esta frase me fez pensar. É engraçado como a vida de repente, ou talvez nem tão de repente quanto pensamos, nos apresenta uma bifurcação, e dois caminhos , dois destinos exigem escolha. Um nos manterá seguros, basta continuar sendo e fazendo exatamente como até ali. Outro é incerto, misterioso, e precisaremos efetuar mudanças no nosso modo de lidar com a vida. Ou, quem sabe, essa bifurcação só teve a oportunidade de surgir porque mudanças internas foram se sedimentando ao longo do tempo. E então, tudo que restava era saber se haveria coragem bastante para dar aquela guinada, em busca de um novo destino. O divisor de águas é a própria coragem.
Ao se reconhecer capaz de trilhar seu próprio caminho, um universo inteiro se desvenda internamente. E não nos reconhecemos mais naquela pessoa de antes, quase como se a gente se achasse um fusquinha 68 tentando subir a serra e na verdade fossemos uma ferrari. Havia muito mais força e potencia no nosso motor, que desconhecíamos. Mas como tudo tem mesmo uma razão de ser, “o eterno aprendizado é o próprio fim”.
sábado, 7 de novembro de 2009
luva de pelica

Sei que já saiu de moda, afinal bombou no youtube e noticiário mundo afora, mas por acaso a reencontrei.
Susan Boyle, 48 anos, simples, desajeitada, aparência comum sem vaidades. Todos nós que estivéssemos naquela platéia teríamos reagido daquela forma; entre o sorriso cínico e debochado e a piedade solidária. Coitada, veio se expor ao ridículo...Imagina só se alguém com esse esteriótipo vai ter qualquer chance nesse palco.
E eis que ela solta a voz. E emudece o planeta.
Ela é o maior tapa com luva de pelica que já conheci, e doeu na alma. Nos coloca de volta à nossa pequenez, nos esfrega explicitamente sem dó nem piedade o tamanho do nosso preconceito.
E depois de tudo isso nos acalenta com a sua história e com a esperança de sonhar, apesar de tudo.
Ainda que ela venha a ser apenas um meteoro que ao atravessar o céu, fascina e encanta, sua passagem pelo planeta nos fez olhar no espelho sem maquiagem ou máscaras.
silencio

quinta-feira, 5 de novembro de 2009
bichano

quarta-feira, 4 de novembro de 2009
ai que inveja...
Beleza, inteligência, elegância, delicadeza, riqueza, sorte, berço... entre outras qualidades ou atributos.
Capazes de despertar admiração. E inveja.
Ai de quem possuir algum deles, muito menos todos juntos.
Que atrevimento que uns tenham tanto e outros nenhum. Não suporto tudo isso, quero destruir, desqualificar, maldizer e caluniar quem tenha aquilo que tanto desejo mas não sou capaz de conseguir.
É mais ou menos desse jeito que funciona a inveja, causadora de danos muitas vezes irreparáveis. Mas não jogue a primeira pedra, todos nós somos em algum grau invejosos. (tomara que o menor grau possível!)
Geralmente as pessoas que tem essa característica em doses excessivas são pesadas, amargas. Tem no olhar uma energia tão negativa que é quase palpável.
Tanto na minha experiência clínica quanto na vida tive conhecimento de verdadeiros tsunames causados pela inveja. Com efeitos avassaladores que custaram um enorme preço emocional para reparar.
Não somos donos dos nossos sentimentos, não é tão simples não sentir inveja em algum momento. Mas somos donos sim dos nossos atos.
Essa escolha é da nossa responsabilidade. Quanto maior for a capacidade de ter consciência sobre o que sentimos, maiores também serão as condições para que possamos lidar com isso sem atuar, sem causar algum mal ao outro.
E a nós mesmos.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
morrer

Falar de morte ou do morrer é para a grande maioria das pessoas tão angustiante e tão pavoroso que preferem viver tentando esconder a finitude da vida debaixo do tapete. Afastamos ao máximo essa idéia, criamos hospitais para que funcionem como o tapete, escondendo de nós o que se passa da dor, do medo, da angústia de chegar ao fim. Quando alguém que amamos se encontra neste doloroso processo da chamada doença terminal, ao invés de acolher, negamos a ele o direito de expressar aquilo que sente. Afastamos o mais rapidamente possível qualquer conversa que ameace tomar esse caminho, sob o falso otimismo declaramos que ele ficará bom logo e classificamos como morbidez ou depressão qualquer tentativa de falar da morte, sem sequer nos darmos conta de que na verdade ele fala de vida. Cada vez mais a ciência descobre que o melhor que se pode fazer a uma pessoa em um quadro terminal, é leva-la para casa, para estar próxima dos seus amores e amigos, no seu canto confortável e familiar. Permitir que se possa escutar a sua verdadeira voz, sem a onipotência de achar que tem que ter as respostas, a solução, a cura. Constatar a humana impotência diante da morte abre o espaço necessário à intimidade que nos aproxima na dor. Muito mais confortador é dar continência , é segurar , é oferecer e partilhar colo num abraço amoroso que nenhuma anestesia ou morfina será capaz de substituir. Faça um pequeno exercício mental, coloque-se por alguns instantes nessa condição, no lugar do outro, empatize. E mesmo angustiado por essa idéia, tolere o mal estar. E pense como gostaria de viver seus últimos dias, mesmo limitado ao leito. Aonde estaria, que pessoas estariam ao seu lado. E sobretudo o que gostaria de poder falar, escutar ou mesmo silenciar em paz, sem aquele peso das coisas não ditas por medo. Compreenda que não há nada de errado em chorar junto, em sentir-se triste. A vida nos pede coragem e isso nada tem a ver com endurecer. A coragem vem de entrar em contato com a verdade, seja ela qual for, e nos permitir todos os sentimentos e emoções que ela nos suscita.
Ao perceber a proximidade do fim da sua vida, Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, escreveu em sua autobiografia: “Meu Deus, faz com que eu viva o momento de minha morte.”
retrato

Entrei na UTI naquela manhã atendendo à solicitação de um médico. Um paciente, que chamarei aqui de João, 28 anos, sem parentes próximos, necessitava de atendimento psicológico. Natural de Ipatinga, Minas Gerais, estava trabalhando para uma empreiteira local em uma indústria paulista. Morava a 4 meses em um alojamento e tentava juntar algum dinheiro para mandar aos pais, já idosos. Num belo domingo de sol alguns colegas do serviço o convidaram para ir à uma pequena cachoeira para se divertir e refrescar. Imitando tantos outros, subiu em uma pedra e pulou, fazendo uma pirueta no ar. Lesionou a coluna cervical, sofreu afogamento até que o resgatassem da água. Havia voltado à consciência na véspera, depois de 10 dias em coma. Atendi o João ficando sempre muito próxima para conseguir ouvi-lo, apenas conseguia sussurar. Durante 4 dias estive com ele, continente à sua dor e angústia. Seu quadro era muito grave. Não recebia visitas, apenas um de seus colegas veio dar um alô. Toda sua família era de Minas, sem condições financeiras para vir. Muitas vezes segurei a sua mão, nos momentos em que chorava e confessava seu medo diante de tudo aquilo. Sempre que contava sobre sua terra, esboçava um sorriso. No quarto dia, logo ao chegar, ele sorriu e disse que havia tido um sonho muito bom, que para ele parecia real. Sonhara que havia estado na casa de seus pais.Encontrou sua mãe na cozinha preparando o almoço e seu pai cuidando da roça. Percorreu toda a casa, abraçou seus pais, sem que eles percebessem e acordou sentindo-se mais leve.Havia uma grande riqueza de detalhes que serei incapaz de reproduzir Eu disse a ele, que acreditasse no seu sonho, que talvez de algum modo ele realmente tenha estado ali. Falamos em despedida, e embora uma lágrima tenha rolado em sua face, era visível a sua surpreendente serenidade. Fez um pequeno balanço de sua vida. Ao sair, e já estava na porta, ele me chamou. Voltei para o leito, ele pegou na minha mão, sorriu e disse: obrigado. Eu sabia que ele despedia-se também de mim, que havia sido sua família na frieza daquela UTI. Sorri e as únicas palavras necessárias foram: fique em paz.
Ao retornar na manhã seguinte, como eu já imaginava, soube que ele tinha morrido durante a noite, serenamente.
"Coração mistura amores. Tudo cabe."