segunda-feira, 1 de março de 2010

alento



Poderiam ter sido ditas por mim, expressam algo do universo indefinível de mim mesma, do meu momento, das idéias que teimosamente transitam sem descanso nesse espaço interno.
Sou apenas mais uma, entre tantas, a sentir-se amplamente acolhida pela sensibilidade e delicadeza de sua narrativa.
Mais um "alento" de Eliane Brum, como bem disse Ruth de Aquino, comentando sua coluna de hoje: "Escrivaninha xerife".
Apenas alguns trechos geneticamente semelhantes a mim:


Por que só agora? Porque só agora a mereci.

Decidi que vou me enforcar nas cordas da liberdade. Para isso, precisava me reinventar com tudo aquilo que já era meu. Para marcar este ato, queria transformar algo da matéria volátil dos sonhos em existência concreta. A escrivaninha dos devaneios da minha infância materializou-se, com tudo de incontrolável que existe quando nos arriscamos a desentocar os sonhos – com uma vara que é sempre meio curta – e os expomos às intempéries do real.

achei que estava na hora de inventar uma nova vida para mim

Estava bem confortável lá. Mas há um momento que, pelo menos para mim, o conforto vira desconforto.

Eu gostava de tudo, mas estava curiosa com a possibilidade de criar uma nova história para mim. Respondia: estou indo porque não quero saber como será a minha vida daqui a cinco anos. E fui.

Não foi uma decisão intempestiva. Ela vem acontecendo dentro – e fora de mim – há um bom tempo.

Queria experimentar coisas novas e abrir outros caminhos para fora de mim. Outras maneiras de estar no mundo. Tenho uma convicção comigo: temos uma vida só, mas dentro dessa, podemos viver muitas. E eu quero todas as minhas.

Fiz uns cálculos e descobri que preciso me apressar se quiser conhecer o mundo inteiro – e eu quero. E também para escrever o tanto que sonho. Como já disse mais de uma vez, escrever não é o que faço, é o que sou. E estava na hora de comprar minha escrivaninha Xerife e mudar de cenário.

Se conseguir escrever ficção, como também sonho, só será possível pelo tanto de vida real e personagens de carne e osso que conheci . Só o real é absurdo. A ficção é sempre possível.

Estou com medo, muito medo. Volta e meia choro com saudade de uma vida que já não há. Mas eu não tenho medo de ter medo.

Sei que tudo pode dar errado, sempre pode. Mas se der, eu invento outro jeito de seguir adiante. Esta é outra convicção que tenho: prefiro fazer as coisas do meu jeito e cometer meus próprios erros.

Tanto quanto os acertos, os erros também devem nos pertencer.

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"Coração mistura amores. Tudo cabe."