terça-feira, 6 de abril de 2010

Renovando a rotina


Quando me vi sozinha em casa, assim, todos os dias, levei muito tempo pra me acostumar. Era absurdamente estranho, o silêncio, as coisas exatamente como as havia deixado pela manhã. Ninguém pra conversar, pra dar bronca, pra comentar o dia, pra catar as roupas jogadas sobre a cama, pra esquentar a janta e levar na bandeja pra receber o beijo de "brigada mãe"... Foi muito estranho. E triste. Pra mim solidão era um castigo, dos mais terríveis. Realmente não acreditava em quem dizia que vivia feliz assim, que curtia sua própria companhia. Pra mim, era balela, defesa contra a própria dor. Talvez em muitos casos seja mesmo. O fato é que o tempo foi passando, o medo cedendo lugar a descoberta, o prazer de experimentar o silencio foi invadindo por entre as frestas, a possibilidade de livremente escutar o meu desejo a cada momento. Quero ouvir música bem alto as onze da noite. Quero deixar a louça pra amanhã. Quero ficar horas deitada na rede mergulhada no livro. Quero ligar pra minha amiga e jogar conversa fora até cansar. Quero simplesmente contemplar o mar, balançando suave na rede, acarinhando minha mimada companheira leal. Quero pensar em mim. Na paz que conquistei e da qual não abro mão... Quero descobrir todo dia que a escolha é minha e de mais ninguém. E que certa ou errada, feliz ou infeliz, sou a única responsável.
Hoje, o estranho é me adaptar a outra rotina. A vida vai e volta e nela tudo tem um sentido, e o tempo certo. Tem a alegria da presença que enriquece, que me enche de afeto, mesmo que ela mergulhe na internet e ignore meus comentários... Mesmo que fique tudo, absolutamente tudo bagunçado, porque acreditem, ela consegue rs Mesmo que ela se encha de ciúme da sobrinha (leia-se Belinha) e brigue comigo por mimá-la tanto (como se não fizesse o mesmo com ela) Faço novamente o prato, enfeito a bandeja, levo cheia de carinho e recebo tudo que realmente importa: seu amor. Estamos juntas novamente, no cotidiano da vida, e ambas trilhamos nossos caminhos rotineiros neste intervalo de anos. Tanto quanto pra mim, sei que voltar a morar com a mãe também tem seu lado chato, porque eu sei ser um saco mesmo sem querer rs. Tem o meu jeito bem maternal de atender ao seu pedido, antes de dormir: colocá-la na cama, cobrir com o lençol, ser agarrada com um golpe de judô que me derruba para um gostoso abraço e beijo de boa noite... Tem ingredientes suficientemente bons nessa massa pra fazer um delicioso bolo.
Amo voce, Mari.

3 comentários:

Camilo Vannuchi disse...

De repente me deu vontade de pedir pouso lá na casa da minha mãe. Cafuné e bife à milanesa. Humm...

Solange Maia disse...

Carla,

você já está no meu quintal....
já está...


beijo muito carinhoso

Solange Maia disse...

ah... tesouro precioso essa relação... distante ou pertinho, esses afetos são nossos alicerces...

amém.


beijocas de novo !!!!!

"Coração mistura amores. Tudo cabe."