sexta-feira, 28 de março de 2014
domingo, 23 de maio de 2010
Alegria ( Fernanda de Castro )

sexta-feira, 14 de maio de 2010
Ao maestro...lágrimas elevando a alma

sábado, 24 de abril de 2010
Lembranças
As lembranças das quais me recordo são absurdamente pequenas em número, considerando os tantos anos já vividos. Desconfio que deve existir uma falha qualquer nos neurônios que compõem minha memória e muitas vezes fico receosa que aquela doença tão sofrida, a que apelidaram “o alemão”, como se ironizando a tornasse menos assustadora, venha a me alcançar algum dia.
Outras tantas vezes imagino que talvez a minha mente só permita o acesso às coisas realmente importantes da minha vida, cuja intensidade da emoção, quase sempre agradável, criou uma marca indelevelmente doce em minha alma. Posssivelmente, seja exigente e seletiva, pois no que se refere ao exercício do meu trabalho, ela tantas vezes me surpreenda, e aos meus pacientes, com riqueza de detalhes, mesmo tendo passado meses ou até anos que tenha sido relatada.
Talvez porque a saudade esteja tão presente minha memória fez uma viagem de 23 anos. Era hora de almoço, e ao abaixar-me para servir a ração a minha cachorra, senti escorrer pelas pernas um líquido quente e volumoso. Havia estourado a bolsa, isso rapidamente eu entendi, embora fosse a minha primeira gravidez. Muito calmamente comuniquei a minha mãe, que por “coincidência” estava
As contrações foram surgindo e gradativamente aumentando. Eu apertava a mão do meu marido a cada início e fim, e ele ia registrando o tempo de duração e os intervalos entre elas. Até que a dor tornou-se imensa e senti claramente os pezinhos de minha filha empurrando as minhas costelas, num enorme esforço para nascer. Disse ao pai que chamasse a enfermeira pois estava nascendo, ao que ele tentou me acalmar dizendo que era assim mesmo e tínhamos que esperar. Virei leoa. Chama porque vai nascer agora. Eu sentia uma vontade instintivamente forte de fazer força. O médico chegou, olhou e disse: Já está nascendo! Foi uma correria pra me levar ao centro cirúrgico, e cinco minutos depois de chegar, e finalmente poder fazer a força que todo o meu ser exigia, ouvi o choro da chegada ao mundo da minha filha. Quando colocada sobre meu peito, falei: Nathalia, tá tudo bem, a mamãe está aqui. Ela parou de chorar e virou o rostinho em minha direção. Meus olhos encheram-se de lágrimas, exatamente como acontece agora.
A emoção é novamente revivida e ressignificada, 23 anos depois...Essa determinação de quem agarra a vida firmemente com as próprias mãos, é uma de suas qualidades que mais admiro.
A vida toda eu contei essa história e ela sempre dizia: já sei mãe, você já contou um milhão de vezes.
Ainda contarei outro milhão, porque esta é uma das minhas mais profundas e ternas lembranças. Carrega todo o sentimento, de um amor infinito e incondicional, e do reconhecimento de ser mãe pela primeira vez.
Esse amor materno teceu uma rede que embala e acalenta minha existência...
domingo, 18 de abril de 2010
As prioridades

equilíbrio

A inspiração para escrever conjuga diversos fatores. Disponibilidade interna é o maior deles. Claro que o tempo nos consome em meio as exigencias cotidianas mas também acaba sendo o bode expiatório com o qual nos isentamos da culpa. Curioso que ao me dedicar mais as leituras e a ter sobre elas um novo olhar, acabei bloqueando alguns canais de espontaneidade com que simplesmente me debruçava sobre o prazer da escrita. Um maior nível de exigencia comigo mesma, com a qualidade do texto, com a clareza da articulação de idéias e palavras.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Renovando a rotina
Quando me vi sozinha em casa, assim, todos os dias, levei muito tempo pra me acostumar. Era absurdamente estranho, o silêncio, as coisas exatamente como as havia deixado pela manhã. Ninguém pra conversar, pra dar bronca, pra comentar o dia, pra catar as roupas jogadas sobre a cama, pra esquentar a janta e levar na bandeja pra receber o beijo de "brigada mãe"... Foi muito estranho. E triste. Pra mim solidão era um castigo, dos mais terríveis. Realmente não acreditava em quem dizia que vivia feliz assim, que curtia sua própria companhia. Pra mim, era balela, defesa contra a própria dor. Talvez em muitos casos seja mesmo. O fato é que o tempo foi passando, o medo cedendo lugar a descoberta, o prazer de experimentar o silencio foi invadindo por entre as frestas, a possibilidade de livremente escutar o meu desejo a cada momento. Quero ouvir música bem alto as onze da noite. Quero deixar a louça pra amanhã. Quero ficar horas deitada na rede mergulhada no livro. Quero ligar pra minha amiga e jogar conversa fora até cansar. Quero simplesmente contemplar o mar, balançando suave na rede, acarinhando minha mimada companheira leal. Quero pensar em mim. Na paz que conquistei e da qual não abro mão... Quero descobrir todo dia que a escolha é minha e de mais ninguém. E que certa ou errada, feliz ou infeliz, sou a única responsável.
"Coração mistura amores. Tudo cabe."